quinta-feira, 13 de abril de 2017

RJ: "Traga-me a cabeça de Lima Barreto" celebra 135 anos do grande autor literário no Sesc Copacabana (De 14/04 até 07/05)

Foto: Valmyr Ferreira

A CIA DOS COMUNS estreia em 14 de abril seu mais novo projeto artístico-investigativo-formativo: o monólogo teatral “Traga-me a cabeça de Lima Barreto”. O espetáculo, interpretado pelo ator Hilton Cobra, com direção de Fernanda Júlia (do NATA - Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas) e dramaturgia de Luiz Marfuz, propõe uma imersão na contribuição da obra do provocativo escritor, celebrando os 135 anos de seu nascimento, os 15 anos da Cia dos Comuns e os 40 anos de carreira artística de seu diretor Hilton Cobra.

Foto: Valmyr Ferreira
O texto, fictício, parte logo após a morte de Lima Barreto, quando os eugenistas exigem a exumação do seu cadáver para uma autópsia e para esclarecer “como um cérebro inferior poderia ter produzido tantas obras literárias - romances, crônicas, contos, ensaios e outros alfarrábios - se o privilégio da arte nobre e da boa escrita é das raças superiores?”. A partir desse embate a peça mostrará as várias facetas da personalidade e da genialidade de Lima Barreto, sua vida, família, a loucura, o alcoolismo, sua convivência com a pobreza, sua obra não reconhecida, racismo, suas lembranças e tristezas.

Hilton Cobra, que criou a Cia dos Comuns em 2001, fala da motivação para encenar  a peça:  “É uma felicidade discutir eugenia e racismo a partir de Lima Barreto. O eixo da nossa dramaturgia é quando Lima Barreto morre e os eugenistas pedem que exumem seu cadáver para fazer uma autopsia e tentar descobrir como um cérebro de raça inferior (ou seja, negro) poderia ter produzido tantas obras literárias, se o privilégio da arte e da boa escrita é das raças superiores? Também é um reconhecimento à Lima – um autor tão pisoteado e injustiçado, que abriu na literatura brasileira “a sua pátria estética” os pisoteados, loucos, os privados de liberdade. Acredito que Lima Barreto deve ter sido, se não o primeiro, um dos primeiros autores brasileiros que colocaram esse “submundo” em qualidade e com importância dentro de uma obra literária”.

Responsável pela direção do espetáculo Fernanda Julia, que é diretora e produtora do NATA  de Alagoinhas, conta como o trabalho que vem realizando contribuiu no processo de direção de Traga-me a cabeça de Lima Barreto: “O diálogo crítico e politizado sobre negritude é um disparador potente do fazer cênico do NATA. Esses elementos foram fundamentais para que eu percebesse quais caminhos trilhar na construção do espetáculo. Sou uma provocadora e problematizadora por natureza, e acho que a encenação deve seguir este caminho – provocar a reflexão e problematizar o que está posto. São dois caminhos que sigo e que fundamentam minhas escolhas poéticas e estéticas. Sou uma encenadora negra e afirmativa, desejo sempre colocar em cena a beleza, a grandiosidade e as vitórias do meu povo.” Explica Fernanda.

O projeto de montagem teatral de Traga-me a cabeça de Lima Barreto, que foi contemplado com o PRÊMIO FUNARTE DE TEATRO MYRIAM MUNIZ/2015, realizará também uma oficina para atores, a “Cemitério dos vivos - Uma investigação sobre a loucura” ministrada por Fernanda Julia, Hilton Cobra e Duda Fonseca e a palestra “Duas ou três coisas que sei sobre Lima Barreto”, com a participação de Conceição Evaristo e Beatriz Resende.

Serviço: Traga-me a cabeça de Lima Barreto. Sala Multiuso do Sesc Copacabana. Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana/ RJ. De 14/4 a 07/05. Sexta a domingo. Sex e sab: 19h. Domingo: 18h. R$ 25 e R$ 12 estudantes e idosos. R$6 associados Sesc. Bilheteria - Horário de funcionamento: Segundas de 8h às 17h | Terça a sexta de 8h às 21h. Sábado de 13h às 21h |Domingos de 13h às 20h. Classificação etária: 14 anos | Duração: 60 minutos.

OFICINAS:  CEMITÉRIO DOS VIVOS - UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A LOUCURA
Data - 17 de abril. Horário: de 10h às 14h
Ministrada por Fernanda Julia, Hilton Cobra e Duda Fonseca, abordará a “loucura” e suas reverberações na construção da montagem do espetáculo ‘Traga-me a cabeça de Lima Barreto’ e do trabalho de ator do próprio Hilton Cobra. Tendo a loucura como universo principal a ser trabalhado é necessário tornar o corpo disponível, doado. Utilizará a capoeira buscando atingir um corpo em estado de alerta, prontidão para que o ator possa fazer fluir sua imaginação, experimentar-se vocal e corporalmente. Por possuir a loucura como disparador cênico, esta oficina visa trabalhar conteúdos teatrais como prontidão, imaginação, pré-expressividade, expressão vocal e corporal, improvisação e análise discursiva. Deste modo pretende-se oportunizar aos atores e as atrizes que dela participarem um enriquecimento e uma reflexão profundos sobre o fazer do ator e suas implicações éticas, políticas e filosóficas.  Professores/aula: Fernanda Julia - Diretora teatral, Hilton Cobra - Ator e diretor teatral e Duda Fonseca - Professor de capoeira

PALESTRAS: DUAS OU TRÊS COISAS QUE SEI SOBRE LIMA BARRETO
Data: 27 de abril. Horário: 19h às 21h30
Trata-se de um evento cênico-literário queenglobará uma mesa de debates e um recitalsobre a vida e obra do escritor Lima Barreto, propondo uma reflexão teórica e artística e ao mesmo tempo, provocando um entendimento global de sua literatura e de seu discurso político e filosófico. Palestrantes: Conceição Evaristo, Escritora e Ensaísta e Beatriz Rezende, Escritora e especialista em Lima Barreto

Nenhum comentário:

Postar um comentário